02/04/2014

O drama do frigorífico.

Ontem chamei o homem do frigorífico porque a porta do congelador não fechava. Há uns dias, diga-se em abono da verdade. E eu a empurrar para fechar a porta cada vez que ía à cozinha.
Ficou marcado que o homem vinha hoje "entre as 9H30 e as 13H00 minha senhora". E veio... às 12H40. Adiante...
"Ok. A porta não fecha, o frigorífico faz um barulho que parece um porta aviões e está cheio de gelo por dentro. Há 3 semanas mudaram-lhe uma peça e eu acho que não ficou bem."
 Durante a manhã liguei duas vezes, às 10H38 e às 12H20 e sempre a mesma respostas: "minha senhora, é entre as 9H30 e as 13H00".
Chega o homem finalmente. Às 12H40, ou seja: no fio do arame.
Levo-o ao frigorífico: "está a ver? não fecha."
O homem olha para o frigorífico e olha para mim. Para o frigorífico e para mim (e eu a pensar: qual é o veredito? tenho cara de inspiração?).
 "Ó minha senhora a porta do congelador não fecha porque a senhora tem cá coisas a mais" .
 Na figura mais parva que uma mulher pode fazer diante de um homem que compõe frigoríficos, aterrei em vergonha e cérebro de galinha, "... huuummm.... tenho? acha? ... não tenho... Então não vê que eu até tirei as prateleiras da porta? Olhe, estão aqui, vê?".
Pior emenda que o soneto. O homem: "A senhora tem coisas a mais no congelador. A porta está boa."
"huuuummmmm... não pode ser... eu até tirei as gavetas da porta, não vê?"
O homem (a pensar "esta é das burras e tenho de arrepiar caminho que assim não vou lá"): "Quer verificar? Vou mostrar à senhora"
Desata a tirar coisas lá de dentro e a porta fecha hermética e fortemente. Sem problemas.
Estúpida, tudo bem. Todos temos os nossos dias. Mas... fazer figura de galinha diante de um homem que arranja frigoríficos e que tem mais que fazer??? e ainda por cima ao fim de 3 (três!) longas horas à espera dele....
E o pior de tudo é que, no fim, arranjo desculpas para a minha estupidez: "é a mania que tenho de meter o Rossio na Betesga".
Aconteceu hoje. Foi comigo. Mais um "assobio na curva" mas este foi mesmo de burrinha. Cérebro de galinha. E parece que nem me faltou cacarejar. E é sempre chato quando isso é revelado - provas dadas com comprovação - a um homem que arranja frigoríficos e que tem mais que fazer na vida. Bem podia ter-me chamado estúpida. Tinha toda a razão. E todos os motivos do mundo. Mas educadamente foi-se embora a pensar que "a diferença entre esta mulher e uma galinha são as penas".
E o pior vai ser quando tiver que o chamar outra vez.

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