02/03/2015

Blogs

Viseu-Lisboa a ver os blogs mais lidos do meu País. Para além do enjoo que foi, penso em que País eu imagino que vivo e que País real é este. Não sei como é que as pessoas podem gostar tanto de coisas tão pirosas, tão pirosas, tão pirosas. Mini-saias do mais mini com saltos altos dos mais altos, lacinhos de tule e penas na cabeça, coisas íntimas que se tornam públicas. Ao ponto de eu agora não poder ver o marido de uma sem o imaginar na casa de banho. A senhora resolveu há uns tempos   descrever o homem na casa de banho e agora resolveu pôr fotografias com ele no blog. A culpa de ele ter ficado com cara de traseiro foi dela que não tinha nada que contar as aventuras do homem na casa de banho, por mais interessantes que fossem.
Depois falam de coisas de que sabem zero, como produtos de cosmética e outras coisas assim e concluem que é "o melhor do mundo" sem nunca terem experimentado mais nada na santa vidinha. As marcas pagam-lhe porque são muito lidos.
Mas os leitores alinham no mesmo "style". Vão com cada comentário que até dói. Insultam-se uns aos outros e às blogers, arranjam umas confusões como se não houvesse amanhã e tivessem a vida pendurada ali.
Há muito tempo que não me dava conta da distância a que estou do meu País. A minha memória é selectiva, nasci assim e não consigo guardar imagens que me arrepiam.
Bem sei que eu também não me lavo com a água toda. Mas há limites para a piroseira. E, já agora, limites para a língua porque há coisas íntimas que não são para partilhar com o povo todo.
E o que mais me confunde não é a piroseira. É mesmo não perceber porque é que as pessoas gostam disto.

1 comentário:

Anónimo disse...

É o big brother.... Vale tudo a exposição, o mediatismo o ser e o parecer, o deixar espreitar, chocar para se ser diferente e ser seguido nas redes sociais.
Perdeu-se a noção do íntimo do só nosso. Tudo tem de ser partilhado, para não estarmos sós, para que a solidão de cada um se transforme em ruído para falsamente pertencermos ao grupo.
Perderam-se alguns valores, o respeito por nós próprios e pelo outro. A liberdade sem limite, o vale tudo. Em nome dessa liberdade mata-se e insulta-se. Este é o nisso mundo. Não o reconheço.