22/10/2015

A intimidade é uma condição do luxo.


Nos gabinetes de prova das lojas de luxo os provadores têm espelhos a toda a volta, que podem ser movidos de forma a que a pessoa se possa ver de frente, de costas e de ambos os lados.
Na Max Mara os gabinetes têm um roupão de linho (tamanho grande) e  uns chinelos.
Nas lojas low cost temos cortinas e a maior parte não fecha totalmente. Por esse motivo é muito comum entrar nos gabinetes de prova da Zara (p. ex.) e ver raparigas seminuas a provar roupa pelas frinchas das cortinas (se há por aí alguém a quem nunca aconteceu, diga, mas se calhar é porque não anda por lá :):):). Muitas vezes com homens à espera à entrada. Eu adoro a Zara por inúmeras razões e até me custa estar aqui a dar o exemplo da Zara. Mas a verdade é que em algumas lojas da Mango os provadores são de porta (tal como na H&M).
Onde estará a causa destas diferenças de provadores?
A primeira está seguramente no facto de as lojas chamadas de "luxo" não poderem admitir que o cliente leve uma peça que lhe fica mal e, por isso, dispõem dos meios necessários à decisão (e ao aconselhamento). Porque entenderm (e muito bem) que os primeiros cartões de visita da marca são as pessoas que as vestem e não lhes interessa nada que andem mal vestidas. Nos provadores os espelhos são reais (=refletem a pessoa como é) e dão uma visão do corpo todo (360º). Sabem que a roupa vende porque fica bem às pessoas que a usam e, por isso, tem mesmo de ficar bem.
E o robe no provador? Bem o robe tem muitas funções. Mas é porque estas marcas dão valor aos
clientes e preservam a sua intimidade. Entre várias peças de roupa e pedidos de mudanças de tamanho, querem garantir que a pessoa fique confortável e de uma forma digna.
Nos gabinetes de prova das low cost se a cliente precisa de um tamanho diferente, toca de por a cabeça de fora para ver se encontra alguma alma que a possa ajudar. A nesga da porta deixa à vista a roupa interior e os soquetes diretamente no chão.
Isto parecem pormenores mas não são. Claro que não é isso que paga as peças do mercado dito de "luxo", claro que não. Significa apenas que estas marcas ditas de "luxo" estão cirurgicamente centradas na atenção e bem estar do cliente.
Isto para não falar do facto de que os espelhos das marcas low cost muitas vezes estão feitos de forma a encolher (=estilizar) a figura. Não todos: mas alguns sim.

Por último:
Nota: a primeira fotografia deste post é da loja de Manhattan da Prada (do mega arquitecto Rem koolhaas) e que é de visita (ainda que googlada...) obrigatória.
A segunda fotografia é de um dos gabinetes de prova de uma boutique Chanel.


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