09/10/2015

Notícias

Perante uma ausência tão prolongada do meu blog, e porque não é meu hábito contar aqui a minha vida, queria só dizer por carinho às pessoas que aqui têm vindo que não consegui, não tive forças, tive de me render a um certo estado "comatoso" perante a evidência de que não somos nada, não temos nada, não podemos nada.
Para a história, o que e gostava de contar - o que é sempre estranho num blog que é suposto falar de moda e, por isso, de "coisas" - é a experiência de nos deitarem numa mesa cirúrgica com indicação expressa de que temos de ir "sem nada nosso". Nada. O nosso corpo sem nada.  E, apesar de a cirurgia não ser urgente, ter estado em "lista de espera", não ter risco especial, a ideia de que podemos ali ficar, simplesmente como viemos ao mundo: "sem nada". E uma coisa é contar isto. Outra é vivê-lo. A aliança que anda no dedo há mais de um quarto de século, o fio do pescoço com o escapulário do Carmo e o crucifixo que uso não me lembro desde quanto e que nunca tiro. Ficou tudo para trás. Com uma imensa serenidade e uma paz inexplicável, sem dramatismos de espécie nenhuma, foi quase uma antecipação do que se irá passar um dia. Com nada viemos e com nada havemos de ir.
Esta experiência e a surpresa de um dos hospitais que será seguramente um dos melhores do mundo, em todos os aspectos (e refiro-me aos aspectos críticos, não aos apêndices de "instalações" e "hotelaria"), com profissionais (todos) de primeira linha (em todos os sentidos), no coração de Lisboa, na Rua de Santa Marta, em que vi funcionar em pleno o sentido humano da vida, no seu significado mais profundo.
Não há palavras para agradecer. Cada vez me convenço mais que a recompensa na vida eterna é uma questão de justiça.
Agora estou ... em recuperação. Como me parece que estive sempre na minha vida. Mas agora num sentido mais literal.

3 comentários:

Unknown disse...

oh, que se passou?
que texto tão bonito!

Violante disse...

As melhoras, e tudo a correr bem. Um grande beijinho

Maria disse...

Obrigada. Muito obrigada mesmo. E muitos beijinhos com saudades.